COMPRAR
Classificação: 3 estrelas 🌟 🌟 🌟
Livro: Senhora
Autor: José de Alencar
Editora: Moderna
Ano: 1874 – 2015
Páginas: 286
Sinopse: ”No romance ”Senhora”, José de Alencar compôs seu último e melhor perfil feminino: o de Aurélia Camargo,moça órfã e pobre,dotada de grande firmeza de caráter. Ela se apaixona por Fernando Seixas e é correspondida. Ele também é pobre,único sustento da mãe viúva e duas irmãs solteiras,mas gosta de se exibir no círculos sociais cariocas como um rapaz elegante e bem de vida. Para isso,não economiza ,levado pela vaidade,acaba deixando a família em grandes dificuldades financeiras. Sem saber o que fazer,age da forma mais leviana possível: desmancha o noivado com Aurélia e dispõe-se a casar com uma moça rica,Adelaide, a quem não amava. Entretanto, com a morte do avô,Aurélia recebe inesperadamente uma grande herança e torna-se muito rica da noite para o dia.”
Li este livro assim que terminei tinha Lucíola e a história é bem parecida. Existem poucas diferenças.
A história se passa no Rio de Janeiro, durante o Segundo Reinado. A jovem Aurélia Camargo é pobre, mas na adolescência recebe uma herança de seu avô.Logo, começa a frequentar a sociedade. A moça não sabe como se comportar na corte,o que vestir,o que saber…é tudo novo.
Sua primeira preocupação foi se casar com um antigo namorado, que a trocara. Logo, ela o compra por 100 contos(100 milhões), casa-se com ele e os dois vivem juntos num pé de guerra. Isso acaba deixando o livro um tanto divertido.
Seixas não aceita essa posição de marido comprado. Por isso vive dando petelecos em Aurélia.
O autor retrata muito bem a burguesia da época… E como eu já falei, eu amo isso. O que não falta no livro é cena de bailes, festas, valsas, passeios públicos e toda essas atividades da sociedade ( com sociedade quero dizer a burguesia,elite).
O livro é divido em 4 partes ( O Preço, Quitação,Posse, Resgate), cada uma contém por volta de 10,13 capítulos.
A história dos dois é encantadora! Quando um quer ceder, acontece alguma coisa e o outro logo arma a cara! Resumindo: é um morte assopra.
Gostei da história. Só não foi algo pelo qual me apaixoneeeei, nem nada. A única coisa que não gostei é que o autor foca muito no assunto. Por exemplo, as vezes se tem 5684753894720 páginas falando sobre a mesma coisa. É um tanto cansativo. Sem contar a linguagem, não é difícil, mas cansativa.
PRIMEIRA PARTE ( O PREÇO)
”Eu falo como um poema: sou a poesia que brilha e deslumbra!” (Cap II)
”Entendo o que você quer dizer: o dinheiro faz do feio bonito,e dá tudo, até saúde.” (Cap II)
”Tenho as duas grandes lições do mundo; a da miséria e a da opulência. Conheci outrora o dinheiro como um tirano; hoje o conheço como um cativo submisso.” ( Cap IV)
”O Lemos enxugou no canto do olho uma lágrima que ele conseguira espremer, se é que não a tinha inventado como parece mais provável.” (Cap IV)
”- Você é uma feiticeirazinha, Aurélia; faz de mim o que quer.” ( Cap IV)
”Nada senão repetir-lhe ainda uma vez que entreguei em suas mãos a única felicidade que Deus me reserva neste mundo.” ( Cap IV)
”Se o edifício e os móveis estacionários e de uso particular denotavam escassez de meios, senão extrema pobreza; a roupa e os objetos de representação anunciavam um trato de sociedade, como só tinham cavalheiros dos mais ricos e francos da corte.” ( Cap V)
”Não lhe acudo,mano. Alguém tem culpa de querer mais bem a uma pessoa do que a outra?” ( Cap V)
”Mas Seixas era desse espíritos que preferem a trilha batida, e só impelidos por alguma forte paixão rompem com a rotina.” (Cap VI)
”Assim, começou ele essa vegetação social, em qu tantos homens de talentos consomem o melhor da existência numa tarefa inglória, ralados por contínuas decepções.” (Cap VI)
”- Os compromissos rompem-se dum momento para outro.” (Cap VII)
”E o que é a vida, no final de contas,senão uma continua transação do homem com o mundo? exclamou Lemos” (Cap VII)
”Queria que me dissessem os senhores moralistas o que é esta vida senão uma quintada? Desde que nasce um pobre-diabo até que o leva a breca não faz outra coisa senão comprar ou vender? Para nascer é preciso dinheiro, e para morrer ainda mais dinheiro.” (Cap VIII)
”Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor.” (Cap IX)
”Mas essa coragem é que não tinha Seixas. Deixar de frequentar a sociedade; não fazer figura entre a gente de tom; não ter mais por alfaiate o Raunier, por sapateiro o Campas, por camiseira a Gretten e por perfumista o Bernardo? Não ser de todos os divertimentos? Não andar no rigor da moda?” Eis o que ele não concebia.” (Cap IX)
”-Está tão retirado! Também cultiva as estrelas?
– Quais? As do céu?
– Pois há outras?
– Nunca lho disseram?
– Talvez alguém se lembrasse disso; mas ainda não achei quem mo fizesse acreditar, respondeu a moça com um sorriso.” (Cap X)
”-Se eu ainda acreditasse na felicidade, diria que ela me tinha sorriso.” (Cap X)
”Os mortos deixemo-los dormir em paz.” (Cap X)
”Ela abria a alma ao amor; porém o amor que filtrava nas meigas dalas de Seixas, evaporava-se como um fragrância que a envolvia um instante, sem penetrar-lhe os seios d’alma.” (Cap XI)
”- Não lhe assustam meus caprichos e excentricidades?
-Se eu os adoro! respondeu Seixas galanteando.
-Não lhe parece difícil fazer a felicidade de um coração desabusado como esse meu, e tão afligido pela dúvida?
-Tenho fé no amor; com ele vencerei o impossível.”( Cap XI)
”-Ah! Deixe-me respirar! Nunca fui amada, nem pensei que o seria com tamanha paixão. Careço de habituar-me aos poucos.” (Cap XI)
”Quero aproveitar este momento em que ainda sou senhora de mim e das minhas vontade, para declarar a última, que foi também a primeira de minha vida.” ( Cap XII)
SEGUNDA PARTE ( QUITAÇÃO)
”Mais negro porém e mais triste do que o vestido era a dor de sua, onde jamais brotou um sorriso.” (Cap I)
”Esse coração de mulher ainda estava passarinho implume; quando lhe acabassem de crescer as asas, tomaria o voo e remontaria aos ares.” (Cap III)
”- Quanto a mim,sabe que amo sem condições, e nunca lhe perguntei onde me leva esse amor. Sei que ele é minha felicidade, e isto me basta.” (Cap IV)
”Seixas pertencia a essa classe de homens, criados pela sociedade moderna, e para os quais o amor deixou de ser um sentimento e tornou-se uma fineza obrigada entre os cavalheiros e as damas de bom-tom.” (Cap V)
”O falseamento de certos princípios da moral, dissimulado pela educação e conveniências sociais, vai criando esses aleijões de homens de bem.” (Cap V)
”A moral inventada para o uso dos colégios, nada tinha que ver com as distrações da gente de tom.” (Cap V)
”Aurélia amava mais seu amor, do que seu amante; era mais poeta do que mulher; preferia o ideal ao homem.” (Cap VI)
”Sejamos francos; o senhor já não me ama; não o culpo, e nem me queixo.” (Cap VI)
”Quem não compreender a força desta razão pergunte a si mesmo por que uns admiram as estrelas com os pés no chão, e outro alevantados às grimpas curvam-se para apanhar as moedas no tapete.” (Cap VI)
”- Conheci que não amava-me como eu desejava e merecia ser amada.”(Cap IX)
”Não se assassina assim um coração, que Deus criou para amar. ” (Cap IX)
TERCEIRA PARTE ( POSSE)
”O amor não é mais do que um capricho, uma doce preferência, um terno devaneio, até que se transforme em amizade conjugal.” (Cap I)
”-Não os tinha eu também? Não jurei tantas vezes um amor terno, que no dia seguinte se desfolhava no turbilhão de uma valsa? ” (Cap I)
”-A felicidade tira o apetite; observou Fernando a sorrir.” (Cap II)
”As aparências enganam.” (Cap II)
”-Há receios que mais parecem desejos! Observou a moça com ironia. (Cap II)
”Daí encaminhou-se ao piano, que é para as senhoras como o charuto para as homens, um amigo de todas as horas, um companheiro dócil, e um confidente sempre atento.” (Cap II)
”-Como todo o mundo, eu sempre fui muito apaixonada por flores; mas houve um tempo em que as não pude suportar.” (Cap III)
”Tinha sede de amor.” (Cap V)
”Oh! Ninguém o sabe melhor do que eu, que espécie de amor é esse, que se usa na sociedade e que compra e vende por uma transação mercantil, chama casamento!” (Cap V)
”Há quem admire as noites de luar! Eu acho-as insuportáveis. O espírito afoga-se nesse mar de azul, como o infeliz que se debate no oceano. Para mim, não há céu, nem campo, que valha estas noites de sala, cheias de conforto, de calor e de luz em que nos sentimos viver. Aqui não há risco de afogar-se o pensamento.” (Cap VI)
”- Eu?… Não me importaria se ele fosse Lúcifer, contanto que tivesse o poder de iludir-me até o fim, e convencer-me de sua paixão e inebriar-me dela.” (Cap VI)
”-São diferentes. Olhos de mãe leem n’alma do filho como em livro aberto: aquilo que não vêem, adivinham…” (Cap IX)
”- Não se tira retrato d’alma. Felizmente!…” (Cap X)
QUARTA PARTE ( RESGATE)
”Não sei que tem o luzir das estrelas!” (Cap I)
”- E o que há de mais inverossímil que a própria verdade?” (Cap II)
” O que é o ciúme? (Cap II)
”O que eu desejava saber sua opinião sobre este ponto; se o ciúme é produzido pelo amor?” (Cap II)
”- Quer saber minha opinião? Isto que o senhor chama escravidão, não passa da violência que o forte exerce sobre o fraco; e neste ponto todos somos mais ou menos escravos, da lei, da opinião, das conveniências, dos prejuízos, uns de sua pobreza, e outros de sua riqueza. Escravos verdadeiros,só conheço um tirano que os faz, é o amor; e este não foi a mim que o cativou.” (Cap III)
”Não há flor de aroma delicado como a boca pura e fresca de um moça.” (Cap IV)
”Não gastara de todo seus hábitos de homem de sociedade, para quem a vida é uma série de etiquetas e cerimônias, regradas pelo uso.” (Cap IV)
”Sou senhora de mim, e pretendo gozar da minha independência sem outras restrições.” (Cap VIII)
”Talvez ainda nos encontremos neste mundo, mas como dois desconhecidos.” (Cap IX)
”A explicação é supérflua.” (Cap IX)
OBS: Post do blog antigo (1/12/2015)