Resenha Crítica: O Cortiço

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Classificação: 3 estrelas 🌟 🌟 🌟

Livro: O Cortiço

Autor: Aluísio Azevedo

Editora: Clube do livro

Ano: 1890 – 2014

Páginas: 224

Sinopse: ”O Cortiço, livro publicado em 1890, é considerado uma obra-prima do Naturalismo no Brasil. Ainda que notadamente influenciado por Émile Zola, são notórios o vigor e a originalidade de uma narrativa que traz à baila os problemas sociais urbanos da sociedade daquela época – tendo como “palco” principal um cortiço. Pintor de variada galeria de tipos, da representação do cotidiano, Aluísio Azevedo fixou-se nas letras com seu traço forte e também por personificar, com grande destaque, a fase naturalista brasileira.”

Antes de tudo, quero deixar claro que o autor era naturalista. ‘‘O que é Naturalista?” Pessoa que segue a corrente literária chamada Naturalismo, onde as ações e reações dos personagens são justificadas pelas emoções e por influência do ambiente. Então em toda parte do livro é possível sentir isso.
O Cortiço acompanha a história e a rotina dos moradores do cortiço, que é uma espécie de pensão. O livro conta a história de João Romão e Jerônimo . O primeiro é um português, dono do cortiço e completamente avarento. Tem o dinheiro como senhor na sua vida e começa almejar uma vida na corte, quando seu vizinho, Miranda, ganha o título de Barão – e não mede esforços para conseguir isto.

O outro, Jerônimo, é português, trabalhador e pai de família. Começa a trabalhar na pedreira de João Romão e a morar no cortiço, onde conhece Rita Baiana, a mulata que o enfeitiçou e o abrasileirou. Devido a este amor, ele chega a cometer loucuras e deixa ser completamente dominado pelo amor.

O livro em si não tem “protagonista”. De certa forma, o próprio cortiço é o protagonista; já que o autor faz uso da prosopopeia (personificação) e é possível ver uma “evolução” do cortiço.

A narrativa não é cansativa, nem demorada. Diferente de Senhora, não há 54847379 páginas falando sobre o mesmo assunto. A história é interessante e cativante. O desenrolar da trama e a personalidade de cada personagem é algo que me encantou.

Ótima leitura! Com algumas partes bem sensuais e outras cômicas.

”A gente se queixa é da sorte!” (Cap  I)

 

”Prezava, acima de tudo, a sua posição social tremia só com a ideia de ver-se novamente pobre, sem recursos e sem coragem para recomeçar a vida, depois de se haver habituado a umas tantas regalias à hombridade de português rico que já não tem pátria na Europa.”  (Cap I)

 

”Conhecia-lhe o temperamento, forte para desejar e fraco para resistir ao desejo.” (Cap I)

 

”-Ah! Isto é o mundo, e, se é torto,não fomos nós que o fizemos torto!…Até certa idade todos temos dentro um bichinho carpinteiro,que é preciso matar,antes que ele nos mate.” (Cap II)

 

”-Para tudo há horas e há dias!” (Cap III)

 

”- Se são bons ou maus só com o tempo se saberá!” (Cap V)

 

”[…]Cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva,feita toda de pecado, toda de paraíso,com muito de serpente e muito de mulher.”  (Cap VII)

 

”Jerônimo fechara os olhos, para a não ver, e ter-se-ia,se pudesse,fechado por dentro,para a não sentir.” (Cap VIII)

 

”-Quem vê cara, não vê corações” (Cap V)

 

”Porque, só depois que o sol lhe abençoou o ventre; depois que  nas suas entranhas ela sentiu o primeiro grito de sangue  de mulher, teve olhos para essas violentas misérias dolorosas, a que os poetas davam o nome de amor.” (Cap XII)

 

”Confio nos meus dentes, e esses mesmos me mordem a língua.” (Cap XV)

 

‘’Os mesmos que barateavam tão facilmente a vida, apressavam-se agora a salvar os miseráveis bens que possuíam sobre a terra.’’ (Cap XVII)

 

‘’Depois, como neste mundo uma criatura a tudo se acostuma.’’ (Cap XXII)

 

‘’Namorava-se forte, mas com disfarce, furtando-se olhares no complicado encontro dos espelhos.’’  (Cap XXIII)


OBS: Post do blog antigo (16/12/2015)

 

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